sábado, 2 de abril de 2011

Mãos



Por favor por a música a tocar.

Carecemos de Grandes líderes. Haverá pior escassez que a de lideranças capazes? Nos anos precedentes e naqueles que consigo prever encontram-se muito poucas figuras com poder e desejo de ser mais, de ir além, de, de facto, mudar o Mundo. Não que o Mundo me preocupe, não faltam nele pessoas geniais, preocupam-me este bocadinho minúsculo de Mundo que é Portugal e aquele bocado, já maior, que é a Europa. Tanto num como noutro sempre foi a necessidade a Mãe de todos os grandes projectos: a fome a miséria de um país pequeno que nos empurraram para o Mar, e a guerra e a destruição que nos conduziram à União. Agora perante todos os perigos assusta-me pensar em quem temos ao leme destes frágeis cascos. Mais do que nunca quem nos governa tem como maior experiência anterior a militância partidária, são seres sem cor, vazios de ideias próprios apenas experientes na arte da retórica oca. Fossem todos os actuais líderes políticos mudos e talvez tudo estivesse bem melhor. Escutemos.

Tempos houve, e tempos hão de haver, em que havia quem visse mais, quem num país fechado e entristecido via a liberdade, quem num continente devastado por duas Guerras indescritíveis visse a paz e a união de todos esses povos. Hoje vivemos dias de uma só escolha, que sempre nos apresentam como menos má. O medíocre é melhor que o mau, e assim nos convencemos de que é isto que há, é o possível, e pedir mais é obter menos. Ah! Precisamos de gente mais inquieta, de quem saiba do que fala, de quem seja irreverente nas ideias e arranje alternativas. Inquietemo-nos.

Eu não sei como é, mas imagino que se soubesse teria saudades de um país à frente do seu tempo, pequeno, pequeno, mas a liderar nas ideias e na sua concretização, um país que não importasse desde os cereais aos códigos civis e modelos de educação. É claro, é óbvio que temos, devemos ver o que os outros fazem e aplicar as melhores práticas em tudo, há que a aproveitar o Mundo globalizado ao máximo, o problema é isso ser um pretexto para não fazermos cá nada. Imaginemos.

Cada vez que saio de casa, que ando de comboio ou autocarro, que passeio a pé mais demoradamente por algum sítio, me encho de convicção que está ali algo por aproveitar, que existe potencial à espera de ser descoberto, coisas prontas para se fazerem. Tantas casas a cair, tantos campos vazios, tantas histórias para contar, tanto, mas tanto para construir! E tanta gente, tanta tanta gente, que o podia estar a fazer. Há falta de imaginação, iniciativa e de coragem nestes tempos. Façamos.

Que quero eu dizer? Eu acredito, e acredito firmemente, que seremos nós a fazer a mudança. Que de entre nós saíram os futuros líderes, todos sabemos, já nos disseram vezes sem conta. O que nos devia preocupar a todos, é de que fibra seremos quando lá chegarmos. Seremos iguais, piores até do que o que temos agora? Está realmente nas nossas mãos essa escolha, neste momento, em que temos muito pouco poder para mudar seja o que for possuímos algo muito mais raro e valioso, temos tempo. Tempo para nos prepararmos, para aprendermos, para nos formarmos e nos educarmos, para ganharmos conhecimento e capacidades, a forma como usamos estes anos que temos é que vai definir quem seremos. Grandes líderes carecem-se. Tornemo-nos.


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