sábado, 7 de maio de 2011
Obremos
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Crónica de um dia difícil
Noutros campos, o PS de Sócrates aparece à frente do PSD de Passos pela primeira vez. Fico assustado, muito assustado. Não temos alternativas, a escolha neste momento parece ser entre ficar com a bosta que temos ou com outra igual. Ainda assim preferia variar na mediocridade. O rumo que isto está a tomar é ao mesmo tempo preocupante e inspirador, não hão de faltar coisas para mudar e melhorar quando a nossa geração chegar, estejamos à altura.
Talvez devido a estas inspirações orientais hoje ao voltar para casa do treino (estava bom tempo) apercebi-me de como as nossas casas nos isolam do Mundo. É a função delas é certo, proteger-nos dos elementos e de outros perigos, mas em épocas de bom tempo urge ter em casa espaços de abertura com o mundo exterior. Cada vez mais sinto como é importante ligarmo-nos a um todo maior que nós e não nos isolarmos nos nosso pequenos nichos fortificados.
Não sei, ninguém saberá, são só perguntas tolas como tolo foi o dia de hoje. Melhores haverão, é por isso que existem dias maus, para podermos ter os bons.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
da Política e outras Coisas
A política da neutralidade é como a neutralidade na política: a alternativa fácil para quem não se quer comprometer. Há sempre quem diga que já temos Estado a mais, posso estar de acordo, mas não na tarefa de educar os jovens. As famílias no geral não estão muito bem preparadas para a tarefa. Também não é raro ouvir-se perguntar, 'que raio tem o estado a ver com os valores dos meus filhos', ora tem e tem muito! Ninguém deve querer saber se os jovens acreditam nas privatizações ou não, mas deviam acreditar que só com diálogo e respeito se avança neste Mundo, também não deve interessar ao Estado se eles preferem a contenção do desemprego ou do défice, mas não lhe pode ser indiferente a noção de que somos todos iguais na nossa humanidade ou de que a justiça é um valor que se sobrepõe ao 'dar mais jeito'. Pode parecer desnecessário e óbvio tudo o que estou a dizer mas é que nem sempre é isto que vejo os pais a explicarem aos seus petizes quando ando de comboio. São essas viagens que mais me fazem desconfiar da capacidade das famílias em educar as futuras gerações. Chega a ser assustador!
A escola, pelo menos a que eu tive, não ensina a ninguém em que é diferente um Presidente de um Primeiro Ministro, porque temos cinco partidos na assembleia e não seis ou só quatro, porque é que uns se sentam à direita e outros à esquerda. São noções tão perigosas como estas que os nossos pedagogos algures lá no ministério tanto se esforçam por impedir que cheguem à nossa juventude.Durante décadas, perdão séculos, vivemos mergulhados no obscurantismo, excluídos da evolução europeia e, agora que em todos os domínios temos condições para sermos melhores e sabermos mais, limitamos logo a partida toda uma vastíssima gama de conhecimentos. Poderão dizer que é apenas especulação, até porque está na moda, mas ninguém me tira da cabeça que, uma geração educada a conhecer a política, a Politica, desculpem, a discutir valores e a ter aulas de coisas que vão ser fundamentais para sua vida adulta, seria uma geração mais capaz e mais preparada. Pelo menos se as aulas de história fossem bem dadas o partido comunista não tinha membros com menos de 60 anos...
sábado, 2 de abril de 2011
RolePlayingGames
Existem duas ideias que têm uma gigantesca influência na minha maneira de pensar e de idealizar o Mundo. Não sei se já terão jogado algum RPG, são aqueles jogos em que basicamente, muito basicamente, se começa com uma personagem fraquinha que vai matando maus fraquinhos e assim subindo de nível ou capacidades até se tornar muito forte e matar maus muito fortes. Muitas vezes também não é só uma personagem mas um conjunto delas com características bastante diferentes que se podem combinar resultando numa 'party' muito forte onde cada um contribui com o que tem de melhor.
Ora bem destes jogos, que eu joguei com uma voracidade assustadora, ficaram-me estes dois conceitos: a importância de ir crescendo através de algum tipo de actividade (matar monstros, estudar, criar projectos, é tudo muito parecido) e a capacidade que um grupo tem de ser tornar muito mais do que qualquer dos seus membros conseguiria por si só (ninguém mata bosses sozinho!).
Assim, é-me extremamente cara a ideia de reunir à mesma mesa o arquitecto e o psicólogo , o professor e o advogado, o médico e o economista, o político e o matemático, o sociólogo e o engenheiro e dizer-lhes: "É hora, vamos fazer alguma coisa!".
Estou pronto para uma dungeon, quem vem?
Compreensivelmente: Natal (recuperado)
Este Natal recebi um candeeiro, o meu, meu primeiro candeeiro. Ele é bonito, bastante articulado, todo ele prateado a fazer de espelho, antigo num estilo sofisticado. Não sabia que o ia saber, foram os meus pais que o escolheram e me ofereceram. Fiquei contente por ver que depois de tantos anos ainda me conhecem. Foi um pequeno Natal o meu candeeiro.
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Eu tenho um amigo que tem um primo que tem um amigo que hoje, enquanto se despedia dela pelo telefone estava a sintonizar um rádio antigo. Quando acabou de falar aconteceram duas coisas espantosas. Estava incrivelmente feliz, não por ter desligado, mas por ter desligado e continuar a falar com ela. Como ele estava feliz, tão feliz que se deu a segunda coisa incrível. Mal desligou começou a dar uma musica qualquer, quando o meu primo me contou já não se lembrava de qual mas o que consta e que o rapaz ficou de olhos fechados e rádio a tocar a dançar e a dançar que nem um doido pela velha casa sozinho. É um pouco Natal quando alguém dança tão despudoradamente por alguém.
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E quando tudo estava a correr exactamente como Ele queria, sentiu-Se subitamente triste e perdido e expulsou-os do paraíso. Se não fosse por isso não havia Natal.
Mãos
Por favor por a música a tocar.
Carecemos de Grandes líderes. Haverá pior escassez que a de lideranças capazes? Nos anos precedentes e naqueles que consigo prever encontram-se muito poucas figuras com poder e desejo de ser mais, de ir além, de, de facto, mudar o Mundo. Não que o Mundo me preocupe, não faltam nele pessoas geniais, preocupam-me este bocadinho minúsculo de Mundo que é Portugal e aquele bocado, já maior, que é a Europa. Tanto num como noutro sempre foi a necessidade a Mãe de todos os grandes projectos: a fome a miséria de um país pequeno que nos empurraram para o Mar, e a guerra e a destruição que nos conduziram à União. Agora perante todos os perigos assusta-me pensar em quem temos ao leme destes frágeis cascos. Mais do que nunca quem nos governa tem como maior experiência anterior a militância partidária, são seres sem cor, vazios de ideias próprios apenas experientes na arte da retórica oca. Fossem todos os actuais líderes políticos mudos e talvez tudo estivesse bem melhor. Escutemos.
Tempos houve, e tempos hão de haver, em que havia quem visse mais, quem num país fechado e entristecido via a liberdade, quem num continente devastado por duas Guerras indescritíveis visse a paz e a união de todos esses povos. Hoje vivemos dias de uma só escolha, que sempre nos apresentam como menos má. O medíocre é melhor que o mau, e assim nos convencemos de que é isto que há, é o possível, e pedir mais é obter menos. Ah! Precisamos de gente mais inquieta, de quem saiba do que fala, de quem seja irreverente nas ideias e arranje alternativas. Inquietemo-nos.
Eu não sei como é, mas imagino que se soubesse teria saudades de um país à frente do seu tempo, pequeno, pequeno, mas a liderar nas ideias e na sua concretização, um país que não importasse desde os cereais aos códigos civis e modelos de educação. É claro, é óbvio que temos, devemos ver o que os outros fazem e aplicar as melhores práticas em tudo, há que a aproveitar o Mundo globalizado ao máximo, o problema é isso ser um pretexto para não fazermos cá nada. Imaginemos.
Cada vez que saio de casa, que ando de comboio ou autocarro, que passeio a pé mais demoradamente por algum sítio, me encho de convicção que está ali algo por aproveitar, que existe potencial à espera de ser descoberto, coisas prontas para se fazerem. Tantas casas a cair, tantos campos vazios, tantas histórias para contar, tanto, mas tanto para construir! E tanta gente, tanta tanta gente, que o podia estar a fazer. Há falta de imaginação, iniciativa e de coragem nestes tempos. Façamos.
Que quero eu dizer? Eu acredito, e acredito firmemente, que seremos nós a fazer a mudança. Que de entre nós saíram os futuros líderes, todos sabemos, já nos disseram vezes sem conta. O que nos devia preocupar a todos, é de que fibra seremos quando lá chegarmos. Seremos iguais, piores até do que o que temos agora? Está realmente nas nossas mãos essa escolha, neste momento, em que temos muito pouco poder para mudar seja o que for possuímos algo muito mais raro e valioso, temos tempo. Tempo para nos prepararmos, para aprendermos, para nos formarmos e nos educarmos, para ganharmos conhecimento e capacidades, a forma como usamos estes anos que temos é que vai definir quem seremos. Grandes líderes carecem-se. Tornemo-nos.